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quarta-feira, 20/11/2024.
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🩸 Aula inovadora e imersiva sobre saúde e educação sexual surpreende jovens do Terceirão

Texto de Leandro Roque, Professor do Ensino Médio do Colégio Carbonell

Um alvoroço se forma num dos corredores da escola, um grupo de estudantes conversa freneticamente sobre algo que está para acontecer; enquanto isso, outros estão se “fantasiando” com roupas que lembram outra época, mas que certamente não pertencem ao cotidiano deles — a aula de Biologia da 3ª série do Ensino Médio vai começar e o tema é AIDS / HIV. 🎉

Acompanhando o frisson inicial de preparação, entramos na “sala de aula”. Todo o espaço foi adaptado para recriar o cenário de uma festa/casa dos anos 80 do século XX. Num dos cantos, um aparelho de som “3 em 1”; em outro, uma vitrola com LP’s de cantores, bandas e novelas do mesmo período, além, é claro, das inesquecíveis (para quem é dessa época) fitas cassete gravadas em casa e anotadas à mão. 📼

Uma projeção com videoclipes de bandas e cantores dos anos 80 e 90 que, juntamente com os tapetes e almofadas espalhados por todo o ambiente, compõem um cenário que traria saudosas lembranças aos pais desses meninos e meninas que estão prestes a submergir nesse universo. 🌈

Ao entrar na sala, cada aluno recebe uma carta de baralho e uma fita colorida; aleatoriamente, vão, um a um, recebendo sua composição sem saber a finalidade do material recebido, e é neste ponto que se revela a simulação. “Vamos recriar um cenário virtual de convivência e transmissão do HIV no público jovem dos anos 80 e 90”, diz o professor responsável pela disciplina. A partir desta distribuição, são dados os diferentes matizes comportamentais (tabelas 1 e 2) que compõem o quadro de convívio social simulado: cores representam orientações sexuais específicas, naipes de baralho uma situação de soro positividade para o HIV e o número das cartas o mínimo de parceiros a se estabelecer “contato sexual” durante a atividade. Pronto: o novo alvoroço foi criado! ♠️

Naipe Quadro Infeccioso Número das Cartas
Copas Soropositivo Diagnosticado Representam o número de parceiros sexuais ao longo do período determinado
Paus Soronegativo
Espadas Aidético
Ouros Soropositivo Não Diagnosticado

Tabela 01 – soro positividade para o HIV e mínimo de parceiros a se estabelecer “contato sexual”.

Cor da Fita Orientação Sexual + Droga adição
Amarela Heterossexual
Verde Homossexual
Vermelha Bissexual
Rosa Heterossexual + Usuário de Drogas
Roxa Homossexual + Usuário de Drogas

Tabela 02 – orientação sexual e droga adição.

Os estudantes, durante a aula, deveriam seguir a orientação sexual sorteada, independente do gênero ou da orientação sexual que realmente exerciam. Neste momento, alguns foram colocados numa situação que raramente vivenciam: afinal, como minha sexualidade é vista pelos meus pares quando representativa de um comportamento minoritário? Questões sobre preconceito, tolerância e respeito às diferenças foram colocadas à mostra no momento em que as simulações de relacionamento vão se desenvolvendo. 🏳️‍🌈

A vivência tem um ritmo próprio, organizada a partir da análise de uma série de vídeos que repassam o cenário do comportamento jovem e de alguns de seus ídolos contaminados pelo HIV, destacando-se dois deles: Cazuza e Freddie Mercury. Os estudantes assistem a um vídeo e depois são estimulados a se relacionar durante os intervalos entre os vídeos. Então, novamente cria-se uma situação inusitada: que regras vão simular a contaminação pelo HIV nessas relações? Jogar dado foi o método escolhido. 🎲

De acordo com um resultado numérico específico (tabela 3), o estudante então descobre se foi contaminado ou não pelo HIV durante a relação. Os valores numéricos escolhidos para cada orientação sexual majoritária do casal foram baseados em fatores como: uso de preservativo, chances de contaminação por HIV e percentual de dispersão do HIV segundo estudos científicos atuais. Posteriormente, analisando o impacto que as diferentes relações têm sobre a dispersão do vírus HIV na população, o estudante passa a refletir sobre a necessidade do uso de preservativos e como determinados comportamentos são mais arriscados do que outros. ⚠️

Orientação Sexual e Droga Adição do Casal Número Sorteado nos Dados Contaminação por HIV
Heterossexual Qualquer número par POSITIVA
Homossexual Maior que o nº2
Usuário de droga envolvido Menor ou igual ao nº5

Tabela 03 – taxa de contaminação pelo HIV no momento da relação sexual.

A cada vídeo assistido, um novo comportamento da juventude dos anos 80 é observado ou o impacto da AIDS sobre a vida de ídolos do rock dessa geração é assistido; nos intervalos, novas relações são estabelecidas e, de tempos em tempos, vão sendo anotados os “mortos”, os “contaminados” e até os que “adoeceram”. De repente, uma percepção toma conta de todos: daquele grupo que iniciou a simulação, poucos sobreviveram — a AIDS devastou aquele grupo de jovens sedentos de liberdade, desprotegidos e ignorantes quanto à doença que os cercava. E é assim que uma juventude que não convive com o impacto da AIDS, como foi nos anos 80, passa a entender a importância deste passado para viver um presente mais seguro. 🕊️

Muitas questões são levantadas durante a atividade: preconceito, estereótipos, aceitação das diferenças, responsabilidade sexual, dispersão de doenças, os dramas públicos e privados causados pela AIDS, mas o mais importante talvez seja transportar esses meninos e meninas para outra época, por um breve espaço de tempo, o suficiente para perceberem que, por não terem um passado de vivência com o pior do HIV, podem trazê-lo de volta num futuro próximo simplesmente por desconhecerem o perigo que correm ao subestimar um inimigo que insiste em permanecer oculto. 🔍

Capturamos alguns momentos em fotos, que você acessa, curte e compartilha com amigos e familiares no álbum a seguir. Aqui, a gente te prepara para um novo mundo! 🌎 #Inovação #Aprendizagem #Cidadania #Carbonell15 #SouCarbonell #nPossibilidades #VilaAugusta

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