Coragem para brincar: o risky play impulsionando o desenvolvimento infantil
texto de Priscila Kyomen, Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil
Todo adulto que conversa e convive com crianças já ouviu: “Olha só o que eu consigo fazer!” — e então a criança vira uma estrelinha, fica em pé numa cadeira, pula de uma distância a outra num pé só ou corre muito, muito, muito rápido! Grande parte das brincadeiras das crianças consiste em alargar limites, ultrapassar fronteiras, expandir horizontes, experimentar novas vivências e buscar desafios a si mesmas. Isso acontece porque as crianças, naturalmente, buscam formas de familiarizar-se com as possibilidades e limitações do seu próprio corpo e é importante que isso seja feito por meio de brincadeiras e explorações que possibilitem uma ampla base de experiências. ✨
Nos últimos anos, temos testemunhado um aumento na tendência dos adultos em superproteger as crianças, buscando eliminar todos os riscos potenciais em suas vidas, sob a justificativa de evitar que se machuquem. Além da preocupação legítima com a segurança física, outros fatores contribuem para essa limitação: condições climáticas adversas, como chuva e frio, também são justificativas para manter as crianças dentro de casa; o receio de que sejam intimidadas por crianças mais velhas restringe as interações sociais; e a escassez ou inexistência de espaços públicos de lazer adequados – seguros, estimulantes e acessíveis – dificultam ainda mais o acesso das crianças ao brincar livre. Embora a segurança seja, sem dúvida, uma prioridade, essa postura gera consequências negativas para o desenvolvimento integral das crianças. Dessa maneira, é necessário compreendermos que a exposição a riscos calculados e supervisionados é fundamental para o desenvolvimento infantil. ⚠️
Ao brincar livremente em ambientes externos, as crianças desenvolvem habilidades motoras, cognitivas, sociais e emocionais essenciais. Aprendem também a avaliar riscos, tomar decisões, resolver problemas, lidar com frustrações e construir resiliência. A privação dessas experiências acarreta em dificuldades de aprendizagem, problemas de socialização, ansiedade, baixa autoestima e outros prejuízos para a saúde mental e física. 🧠💪
Pensando em criar espaços disruptivos, convidativos e provocativos, para que as crianças possam explorar, experimentar, testar, falhar e aprender, o Carbonell inaugura o novo parque no conceito risky play, que enfatiza a importância do brincar livre e dos benefícios da exposição a riscos controlados, desmistificando a ideia de que proteger significa isolar e privar. 🏞️
Espontaneamente, as crianças envolvem-se em brincadeiras que apresentam certo grau de risco, mesmo diante da possibilidade do insucesso ou de experiências consideradas negativas por alguns adultos. Já pararam para observar? Elas escalam árvores, não para desafiar a autoridade ou por imprudência, mas pela alegria genuína da conquista, pela sensação de superação e pela exploração de seus próprios limites – mesmo se dissermos a ela que é “mais seguro” permanecer com os pés no chão. É preciso compreender e potencializar como a exposição a riscos calculados e supervisionados traz benefícios às experiências, ao desenvolvimento integral e à aprendizagem das crianças. 🌳🤸
Acreditamos que estas habilidades construídas, trabalhadas e bem desenvolvidas durante a infância reverberam ao longo de nossas vidas. Pense só: se não assumíssemos a postura de nos aventurar e enfrentar desafios, nunca teríamos aprendido a andar, correr, nadar, andar de bicicleta, cozinhar ovos, convidar alguém para um encontro, dirigir um carro ou fazer muitas outras atividades que envolvem algum tipo de risco. 🚴🔥
Ressaltamos que é fundamental diferenciarmos perigo de risco:
🔴 Perigo é uma situação com alta probabilidade de dano, que deve ser evitada.
🟢 Risco, por outro lado, envolve a possibilidade de um resultado incerto, do fracasso, mas com a oportunidade de aprendizado e crescimento. Assim, com o contexto do risky play, nossa intenção é oferecer às crianças oportunidades de se exporem a desafios que as permitam desenvolver habilidades físicas, cognitivas, sociais e emocionais, sob a supervisão atenta dos professores. Garantir que os espaços e as vivências sejam o mais seguro quanto necessário, e não o mais seguro quanto possível! ⚖️
Enquanto adultos, responsáveis pelas crianças e que influenciam na capacidade delas de brincar, precisamos encontrar o equilíbrio entre:
✅ A responsabilidade de contribuir para que tenham uma vida positiva de experiências edificantes.
❌ E a responsabilidade de protegê-las excessivamente, impedindo que vivenciem experiências enriquecedoras.
📽️ Aqui, a gente te prepara para um novo mundo! 🌎 #SouCarbonell #nPossibilidades
