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segunda-feira, 16/09/2024.
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⛔ No blog, Priscila Kyomen nos diz como a frustração pode ensinar grandes lições

O que a frustração ensina às crianças?
texto de Priscila Kyomen, Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil

Quem nunca quis sumir com tudo o que lhe desagrada? Lidar com o que não gosta, com o que é frustrante, é uma habilidade a ser aprendida, que deve começar a ser desenvolvida desde cedo, enquanto somos pequenos, na nossa relação com as pessoas, nas mais diversas situações, diante das inúmeras diferenças e impossibilidades.

É desagradável ouvir “não”? Muito!

Já imaginou como é difícil para a criança parar uma brincadeira na parte mais bacana para ir tomar banho? Poxa, é frustrante demais! Mas, adultos que somos, podemos fazer deste um momento bastante educativo porque, afinal, a frustração faz parte da vida e sempre se fará presente.

Ouvir e aceitar a negativa para um pedido, lidar com a frustração, conviver com a diversidade e entender a importância de não fazer apenas a própria vontade é fundamental na primeira infância, período em que o egocentrismo vai, aos poucos, cedendo com a socialização, interação e normas de convivência. Nós, os adultos, temos um importante papel de corregulador emocional das crianças. Para além do que dizemos e orientamos, elas nos observam para aprender como lidar com emoções desafiadoras, observando e seguindo com nosso exemplo e com a forma como as acolhemos quando expressam frustração diante de sentimentos muito complexos de lidar.

“Você pode não gostar de bolo de cenoura, mas o seu melhor amigo, sim!”: convidar os pequenos para esse tipo de conversa é um dos caminhos para lidar com uma situação complicada; aliás, as diferenças nas maneiras de ser e nos gostos podem ajudar — e muito! —, pois é por meio das diferenças e da convivência com situações que não conhecemos ou não gostamos tanto que aprendemos a ter novas perspectivas, a experimentar, a tentar novas atividades, a conviver, a conciliar, a negociar e, principalmente, a respeitar!

Enfrentar o que não gostamos, em vez de querer que tudo simplesmente desapareça, é lidar com a frustração, um sentimento que a criança vai conhecer — e que é demasiado importante para o desenvolvimento dela! Não é raro que os adultos queiram evitar a frustração das crianças, permitindo seus desejos e garantindo-lhes a felicidade. É uma sensação boa dizer “sim” para o pedido de uma criança e, por vezes, menos trabalhoso do que dizer “não”. Porém o “não” é necessário! Com equilíbrio e na hora certa, o “não” serve para nos ajudar e nos proteger, embora nem sempre isso fique claro quando o escutamos.

Auxiliar as crianças nesse processo de amadurecimento, que envolve o desenvolvimento de competências e habilidades, é, em primeiro lugar, acolher a manifestação de frustração delas: vai ter choro, vai ter resistência, vai ter desorganização emocional… Faz parte! É necessário ensinar aos pequenos que existe horário certo para determinadas atividades e que, assim, não terão tudo o que desejam, exatamente na hora que desejam.

Estejamos firmes nos limites, mas tranquilos e acolhedores, porque expressar a frustração do jeito que as crianças conseguem faz parte do desenvolvimento e é fundamental para o crescimento delas. Algumas ações são inegociáveis, como ir à escola, escovar os dentes, tomar banho, almoçar. Quando o adulto exige que o pequeno cumpra essas tarefas em alguns momentos, mas flexibiliza em outros, prejudica a compreensão da criança e dificulta a forma dela lidar com uma frustração.

No entanto, há questões em que é importante negociar, entender e respeitar a criança quando ela não gosta de algo. Um alimento, por exemplo: se a criança disser que não gosta de uma comida que tem um valor nutricional e que é importante para a saúde dela, podemos insistir algumas vezes, tentar oferecer de maneiras diferentes, com preparos diferentes, mas, se ainda assim ela rejeitar, podemos aguardar um tempo (alguns dias ou semanas) para oferecer novamente. Há comidas que, simplesmente, nosso paladar não aprova; nesse caso, dá para pensar em substituições nutricionalmente equivalentes para que não haja prejuízo à saúde.

Fato é que a frustração gera um sentimento desagradável, desconfortável e, sejamos francos, nós, adultos, também não gostamos de sentir. Portanto, precisamos lembrar que quem passa pela frustração aprende sobre autogestão, respiração e, com certeza, supera qualquer decepção!

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